sábado, janeiro 13, 2007

Lágrimas...

Era meio da tarde quando saí de casa, o céu estava limpo, sol brilhava forte e corria uma brisa suave e quente. Resolvi ver as pessoas que andavam na rua naquela tarde Sábado, atarefadas com compras, com as crianças, ou que pura e simplesmente passeavam com a família, com os namorados, com os amigos. Pessoas enchiam os cafés e as esplanadas, quer fossem sozinhas ou com mais 20 pessoas, era um rebuliço na cidade, parecia um dia de semana. Fartei-me daquela zona e fui ate ao jardim, junto ao rio, depois da linha do comboio, aí mais pessoas passeavam. Jovens casais com carrinhos de bébés, famílias ja numerosas em que a mãe empurra o carrinho dos gémeos e o pai ralha com o rebento mais velho de 5 anos, os velhotes nos bancos a conversar, a dar milho aos pombos ou junto aos lagos a dar pao aos peixes e claro os namorados nos bancos mais escondidos do jardim ou a passearem à beira-rio de mãos dadas ou abraçados. Mas houve algo que destoou, eras tu. Estavas com um ar triste, sentada naquele banco de jardim virado para o rio. Aproximei-me e perguntei se me podia sentar, nada disseste, apenas ficaste a olhar para o rio, como se estivesses à espera que o rio te desse alguma coisa ou alguma resposta. Sabia-te magoada, não pela vida mas por alguém, alguém tinha-te magoado, não sabia como, nem porquê, nem como é que eu sabia que alguém o tinha feito mas sentia-o apesar de não te conhecer. Como nada dizias sentei-me e nesse momento um casal passou por nós, abraçados e lágrimas correram pelo teu rosto. Procuras-te lenços na tua mala mas não os tinhas, por sorte eu sim. Agradeceste-me e eu perguntei que homem valia as tuas lágrimas, limitas-te a perguntar se era assim tão óbvio. Eu disse-te que todos os homens são assim, só dão valor aquilo que têm depois de perderem tudo e que no caso dele seria tarde quando acordasse. Desta vez choraste com força como se toda a tua mágoa saissem pelos teus olhos e agarraste-te a mim, choraste no meu ombro não quanto tempo, não me preocupei, limitei-me a pôr os meus braços à tua volta e a deixar-te chorar. A determinada altura paraste de chorar e adormeceste no meu ombro por breves minutos quase que como se tivesses usado todas as tuas forças para expulsar toda a mágoa que tinhas dentro de ti. Quando acordas-te foi como se tivesses renascido para a vida e pediste-me desculpa pelo teu comportamento e por me teres molhado o casaco, eu disse que não fazia mal e que a única coisa que pedia era que parasses de chorar e que me deixasses pagar-te um café. Em tom de brincadeira disses-te que não bebias café mas que se fosse um sumo aceitavas de bom grado. Levantá-mo-nos, começámos a andar e o vento começou a soprar forte e frio, e tu estremeçes-te de frio e eu ofereci-te o meu casaco, de uma forma hesitante, aceitas-te. Quiseste agarrá-lo para vesti-lo mas não o permiti, coloquei-o sobre os teus ombros de forma suave mas não me deixas-te tirar as mãos, seguras-te-as com as tuas e libertas-te uma em seguida, deixando apenas uma presa e o meu braçoem teu redor, aproximaste-te de mim com o meu braço à tua volta e seguimos...